Miguel Torga (1907, São Martinho de Anta, Trás-os-Montes), pseudónimo literário do médico de Adolfo Correia da Rocha, foi um dos mais influentes escritores portugueses no século XX. Filho de uma família humilde emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na exploração de café.
Em 1928, tendo regressado a Portugal, entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra de onde sai formado como otorrinolaringologista. Exerce a profissão de médico na mesma cidade até à idade da reforma. Ainda como aluno universitário assiste, em 1933, à entrada em vigor da ditadura fascista que domina Portugal, durante 41 anos, pela mão de Salazar. Luta como pode e sabe, nunca se conformando com um sistema que lhe retira a liberdade, chegando mesmo a estar preso. Em 1974 vive com grande satisfação a chegada da democracia, continua a implicar-se na vida pública sem nunca se filiar em partidos políticos.
Ainda como aluno universitário publica o seu primeiro livro de poemas, "Ansiedade". Autor de mais de 50 obras (poesia, teatro, contos, diários), a sua escrita e maneira de viver sempre se inspiraram nas suas origens humildes e na sua proximidade do povo. A obra deste escritor tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da natureza - sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas... estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração. Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente muito fácil a deus ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a natureza, apesar de todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, segundo Torga, fazem do homem único ser digno de adoração. Contam-se entre as suas principais obras:
Bichos (1940)
Contos da Montanha (1941)
Diário (1941-1994 / 16 volumes)
A Criação do Mundo (1937-1939 / 4 volumes)
Novos contos da Montanha (coletânea de 22 contos/ 1944)
Portugal (1950)
Orfeu Rebelde (1958)
A sua vasta obra encontra-se traduzida em várias línguas (espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro) e recebeu vários prémios literários, de entre os quais o Prémio Luso-Brasileiro Luís de Camões em 1989.
Miguel Torga morre em Coimbra, em 1995.
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Biographie
résumée de Miguel Torga
Miguel
Torga, (1907, São Martinho de Anta, Trás-os-Montes), pseudonyme littéraire du
docteur Adolfo Correia da Rocha, a été un des écrivains portugais les plus
influents do 20ème siècle. Enfant d’une famille modeste, il a immigré au Brésil
en 1919 pour travailler à la ferme de son oncle, dans la culture du café.
En
1928, étant revenu entre temps au Portugal, il intègre la faculté de médecine
de l’université de Coimbra d’où il sort diplômé comme otorhino. Il exerce la
profession de médecin dans la même ville jusqu’à l’âge de la retraite. Encore
étudiant universitaire, il assiste en 1933 à l’entrée en vigueur de la
dictature fasciste qui règne sur le Portugal pendant 41 ans, par la main de
Salazar. Il lutte autant qu’il peut, n’acceptant jamais un système qui lui
retire la liberté, allant même jusqu’à être emprisonné. C’est avec une grande
satisfaction qu’il vit l’arrivée de la démocratie en 1974 et continua à
s’impliquer dans la vie publique sans toutefois s’affilier à un parti
politique.
Comme
étudiant universitaire, il publie son premier livre de poèmes
« anxiété ». Auteur de plus de 50 œuvres (poésie, théâtre, contes,
articles) , son style et sa manière de vivre ont toujours été inspirés par ses
origines modestes et à sa proximité au peuple. L’œuvre de cet écrivain a une empreinte humaniste : élevé dans
les montagnes de Trás-os-Montes, parmi les agriculteurs, Torga a appris la
valeur de chaque homme, comme créateur et dynamiseur de la vie et de la nature
– sans l’homme, il n’y aurait pas de céréales, il n’y aurait pas de vignes… ces
hommes et ses œuvres amènent Torga à se
révolter contre la divinité transcendantale toute puissante : pour lui,
seule l’humanité est digne de louanges, de cantiques, d'admiration. Pour
Miguel Torga, aucun dieu n’est digne de louanges: dans sa condition omnipotente
il est facile pour dieu d’être vertueux et en tant qu’être surnaturel aucune
difficulté ne s’oppose à lui pour faire la nature – mais l’homme, limité, fini, conditionné, exposé à la maladie, à la
misère, à la disgrâce et à la mort est aussi capable de créer et est surtout
capable de s’imposer à la nature, comme les agriculteurs de
sa région natale ont imposé leur volonté de semer la terre sur les falaises
sauvages des montagnes. Et c’est cette
capacité de façonner l’environnement, de véritablement faire la nature, malgré
toutes les limites en tant qu’animal, d’être humain mortel qui, selon Torga,
font de l’homme un être unique et digne d’adoration. On compte parmi ses
principales œuvres :
Arche
(1940)
Contes de la montagne
(1941)
En chair vive
(1941-1944 / 16 tomes)
La création du monde
(1937—1939) / 4 tomes)
Nouveaux contes de la montagne
(collection de 22 contes /1944)
Portugal
(1950)
Orphée indocile
(1958)
Son œuvre, vaste, a été traduite en
plusieurs langues (espagnol, français, anglais, allemand, chinois, japonais,
croate, roumain, norvégien, suédois, hollandais, bulgare) et a reçu plusieurs
prix littéraires, parmi lesquels le prix luso-brésilien Luis de Camões en 1989.
Miguel Torga meurt
à Coimbra en 1995.
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Apresentação das biografias: André, Joana, Jordi, Matthieu.
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