Michaela e Esther
a) JUSTIFICAÇÃO DO TÍTULO DO CONTO
b) IDENTIFICAÇÃO DA MENSAGEM DO CONTO
c) IDENTIFICAÇÃO DA CRÍTICA SOCIAL
d) IDENTIFICAÇÃO DA ATUALIDADE DO CONTO (da mensagem, da crítica...)
e) ESQUEMATIZAÇÃO DAS IDEIAS DO CONTO
f) IDENTIFICAÇÃO DA ANTROPOMORFIZAÇÃO NO CONTO
g) 3 IMAGENS CARACTERIZADORAS DO CONTO
h) 2 QUESTÕES SOBRE O CONTO (que vão integrar o questionário da exposição)
a) JUSTIFICAÇÃO DO TÍTULO DO CONTO
Miguel Torga deu o título do protagonista
Cega-Rega a seu conto, como é o caso em todos os contos da sua obra Bichos.
Cega-Rega é uma cigarra representando ao mesmo tempo o poeta e o processo de
evolução e de transformação do homem. O nome dado ao bicho representa a
mensagem do conto. A personagem principal permite ao leitor visualizar a vida
do ser humano e as mudanças sofridas por este último. Cegarrega também pode ser
assimilada ao instrumento do mesmo nome que imite o fretenir da cigarra. Não
temos aqui uma “verdadeira” cigarra, isto é, o animal, mas uma representação do
poeta e do homem.
b) IDENTIFICAÇÃO DA MENSAGEM DO CONTO
O conto «Cegarrega» de Miguel Torga transmite-nos uma
mensagem muito importante que nos revela que todas as etapas que atravessamos
ao longo da vida - "Vencera todos os obstáculos dum árido caminho
[...]" (p.60) - , boas ou más, difíceis ou fáceis, nos constroem e nos
transformam pouco a pouco para finalmente criar a pessoa que somos.
Temos ainda neste conto a importância
do canto da cigarra o que pode ser visto como uma segunda vertente da mensagem
desta história. A cigarra canta, como o poeta. A cigarra pode ser vista como um
símbolo do poeta, a obra de ambos, ie o canto permite ao cantor vencer a morte
e ficar para a eternidade. Nem sempre é fácil escrever e publicar obra: isso
mesmo aconteceu a Torga que viveu durante a ditadura fascista, a ela se opôs
chegando a estar preso. Foi um homem que lutou sempre pela liberdade, até na
edição da sua obra: editou-a por sua conta e risco sem se submeter às regras
das editoras.
c) IDENTIFICAÇÃO DA CRÍTICA SOCIAL
A crítica social é velada neste conto. Talvez se possa
vê-la nos que criticam o canto da cigarra já que, a dada altura, sugere-se a
quem não gosta de ouvir a cegarrega, como o senhor camponês, que tape os
ouvidos:
“ O senhor camponês, a reclamar. Suado e soturno, a
mourejar de manhã à noite, queria silêncio à volta. Tapasse os ouvidos! Nenhuma
força humana, ou desumana a faria calar. Com que razão? Porquê?
Porque a fome
era triste, os dias passavam velozes, e urgia ajudar a natureza a ser pródiga?
Imaginem!
Pois que
aproveitasse as horas, os minutos e os segundos, num anseio insaciável de
fartura. Ela continuaria ali, preguiçosa, imprevidente, num desafio sonoro à
sensatez.” (p. 79)
d) IDENTIFICAÇÃO DA ATUALIDADE DO CONTO (da mensagem, da crítica...)
Podemos sem
dúvida afirmar que a mensagem do conto escrito em 1940 não perdeu atualidade.
Ainda hoje,
os seres humanos continuam a ter que enfrentar momentos dolorosos que os fazem
crescer e lhes ensinam sempre algo de novo, participando assim na sua
“metamorfose”.
As etapas do
processo criativo, individual e amadurecido, por onde o escritor tem que passar
antes de chegar a seu resultado final permanecem atuais e universais. Da mesma
forma, todos nós já percorremos ou percorreremos um longo caminho ao longo da
vida repleto de obstáculos que teremos de procurar vencer para avançarmos.
Em regimes
totalitários continua a ser importante existirem vozes capazes de se elevar, de
dizer alto o que muitos calam por receio. São precisas às sociedades do século
XXI, como foram precisas às sociedades dos séculos passados, cegarregas capazes
de cantar ao lado de quem trabalha.
e) ESQUEMATIZAÇÃO DAS IDEIAS DO CONTO
f) IDENTIFICAÇÃO DA ANTROPOMORFIZAÇÃO NO CONTO
A
metamorfose da cigarra pode ser comparada às diferentes etapas do trabalho do
escritor conducentes ao produto final do processo criativo, isto é, à publicação
duma obra. O canto do bicho deste conto pode ser representativo da vontade e também
da dificuldade do poeta em divulgar o seu trabalho final. A cigarra “sofre” como
um ser humano, seja ele escritor ou não, tendo que ultrapassar etapas difíceis:
“Custa” (p.59); “Nenhuma palavra de apreço pela dureza do caminho andado.” (p.
59). Estes obstáculos que constituem um longo caminho a percorrer são caracterizadores
da vida e da existência tanto dum ser humano como de um bicho. Afinal a
distância que nos separa não é assim tão grande!
Temos claramente antropomorfização neste
conto, a cigarra podendo simbolizar o poeta/o homem vencendo a morte cantando. A
cigarra de Torga não é a cigarra de La Fontaine, a deste cantava e não
trabalhava, era uma irresponsável, a cigarra do Torga canta e ainda bem que
canta pois a vida não é só feita de trabalho. Poderemos sentir neste conto
alguma intervenção? Num regime como o fascista é bom que haja formigas sempre a
trabalhar e sem nada questionar… neste conto o canto da cigarra surge como
positivo, em ditadura é preciso que alguém cante, que alguém pense… a cigarra e
o poeta surgem como porta-vozes num sistema que pouco respeita o ser humano.
g) 3 IMAGENS CARACTERIZADORAS DO CONTO
“Ah, depois é essa descida ao húmus,
essa existência amorfa, nem germe, nem bicho, nem coisa configurada.” (p. 59)
« Ainda no rés do chão das metamorfoses, apetecera-lhe contemplar do
alto dum miradoiro o berço nativo. E começou a subir, a subir, a subir sempre.”
(p. 60)
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“Até que finalmente em cada esperança de perna nasce uma perna, e cada
ânsia de claridade é premiada com dois olhos iluminados.” (p. 59)
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« O Poeta ! Louvado seja Deus ! Até que emfim lhe aparecia
um irmão!... Um irmão que sabia também que cantar era acreditar na vida e
vencer a morte.” (p. 61)
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h) 2 QUESTÕES SOBRE O CONTO (que vão integrar o questionário da exposição)
1) A cigarra cegarrega pode ser identificada com:
a) o escritor
b) um homem banal
c)
a natureza
2) Este conto nos revela-nos que:
a) todas as crianças se tornam adultas
b) cada indivíduo atravessou momentos na vida que definem a pessoa que é
c) os insetos são muitos importantes na biodiversidade
SITOGRAFIA DAS IMAGENS PRESENTES NESTA POSTAGEM POR ORDEM DE APRESENTAÇÃO: (consultadas a 5-5-2014)
https://www.flickr.com/photos/digitalartfoto/9285683014/
imagem 1: http://escola.britannica.com.br/assembly/168766/Na-fase-final-de-metamorfose-uma-cigarra-muda-o-exoesqueleto
imagem 2: http://www.panoramio.com/photo/11605818
imagem 3: http://purl.pt/13860/1/zoom-torga_y_185_p0.htm
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SITOGRAFIA DAS IMAGENS PRESENTES NESTA POSTAGEM POR ORDEM DE APRESENTAÇÃO: (consultadas a 5-5-2014)
https://www.flickr.com/photos/digitalartfoto/9285683014/
imagem 1: http://escola.britannica.com.br/assembly/168766/Na-fase-final-de-metamorfose-uma-cigarra-muda-o-exoesqueleto
imagem 2: http://www.panoramio.com/photo/11605818
imagem 3: http://purl.pt/13860/1/zoom-torga_y_185_p0.htm
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